5 de outubro de 2016

Reflexões sobre a atuação do psicólogo nos serviços de saúde pública



Por Carlos Figueiredo – Advogado e graduando em Psicologia

Com o intuito de humanizar os atendimentos, no início do século XX surgiu a proposta de se incluir a atuação do psicólogo na área da educação médica. A inserção do psicólogo na saúde pública ocorreu em 1970, com a ideia de se criar equipes multidisciplinares para os atendimentos em hospitais psiquiátricos, buscando, além da mencionada humanização, a redução de custos.

Apesar de fundamental importância, a atuação do psicólogo no campo da saúde vem sofrendo duras críticas de diversos autores atuais, principalmente relacionadas com a formação deficiente dos psicólogos, diante de um aparente conteúdo insuficiente advindo dos bancos catedráticos.

Em que pese tal afirmação, o fato é que a atuação do psicólogo na saúde pública é uma realidade, porém, as dificuldades são enormes, diante de vários fatores que limitam a atuação do profissional da Psicologia no seu dia-a-dia. Questões como a forma de atendimento, que ocorre de maneira diferente do atendimento clínico particular, a dificuldade dos próprios pacientes em se manterem em tratamento, quer seja pela falta de tempo, pela falta de recursos para locomoção, pela demora em se obter resultados práticos, tendo em vista que as terapias tendem a durar um tempo considerável, ou mesmo pelo preconceito cultural relacionado com a errônea afirmação de que o tratamento psicológico é dirigido apenas aos “loucos”, são fatores que dificultam sobremaneira a atuação do profissional.

As condições também não são as ideais. A demanda é muito grande e nem sempre há quantidade ideal de profissionais, obrigando os servidores a promoverem ajustes que nem sempre são os indicados, porém, que se apresentam por diversas vezes como únicas alternativas.

Por outro lado, em que pese as dificuldades e falhas apontadas, não se discute a real e fundamental importância da atuação dos profissionais da Psicologia junto à saúde pública. Alternativas como tratamentos em grupo têm se mostrado muito positivas e com bons indicativos de êxito.

A população, de um modo geral, tem evidenciado uma favorável mudança de postura quanto ao trabalho desenvolvido pelos psicólogos, reconhecendo e valorizando sua atuação, o que dá força para a classe e obriga o Estado a dar a devida importância que a Psicologia merece.

Diante de tal cenário, aliando-se a necessidade da disponibilidade de mais profissionais pela grande demanda de pacientes em potencial e seguindo o as tendências mundiais de incentivo às políticas públicas de prevenção às doenças, novos campos de atuação estão sendo criados e se mostram cada vez mais necessários. Com isso, a figura do profissional da Psicologia ganha prestígio e destaque, na medida em que a sua atuação trará verdadeiros ganhos para o ente estatal, já que os gastos com as intervenções em doenças seriam diminuídos, sobrando mais recursos para a utilização em outras áreas tão necessárias e tão carentes de investimento, além da efetiva melhora da condição de saúde da sociedade como um todo.

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